quinta-feira, setembro 30, 2004

Baptizo este texto de ''Ode ao desaparecimento''

Baptizo este texto de ''Ode ao desaparecimento''

Prq? Ora... foi recebido de alguém desaparecido...
Considero o desaparecimento uma situação tão pessoal qto o aroma de um perfume... é seu, é próprio, é individual, pessoal e intransmissível como os cartões de crédito.
p.s. ( lembrar-me de 'deletar' estão comparação do cartão de crádito ).

Assim sendo ...

...Contam que uma vez, no início dos tempos, se reuniram todos os sentimentos e
qualidades dos homens num lugar da terra.
Quando o Aborrecimento havia reclamado pela terceira vez, a Loucura, como
sempre tão louca, lhes propôs:

- Vamos brincar de esconde-esconde?
Intriga levantou a sobrancelha intrigada, e a Curiosidade, sem poder
conter-se, perguntou:

-Esconde-esconde? Como é isso?

-É um jogo, explicou a Loucura, em que eu fecho os olhos e começo a contar
de um a um milhão, enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado
de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará o meu lugar para
continuar o jogo.

O Entusiasmo dançou seguido pela Euforia, a Alegria deu tantos saltos que
acabou por convencer a Dúvida e até mesmo a Apatia, que nunca se interessava
por nada.

Mas nem todos quiseram participar, a Verdade preferiu não
esconder-se...para quê? Se no final todos a encontravam? A Soberba opinou
que era um jogo muito tonto (no fundo, o que a incomodava era que a ideia
não tivesse sido dela), e a Covardia preferiu não se arriscar.

-Um, dois, três, quatro... - começou a contar a Loucura. A primeira a
esconder-se foi a Pressa, que como sempre caiu atrás da primeira pedra do
caminho.

A Fé subiu ao céu e a Inveja se escondeu atrás da sombra do Triunfo, que com
seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da mais alta árvore.
A Generosidade, quase não consegue esconder-se, pois cada local que
encontrava, lhe parecia maravilhoso para alguns de seus amigos: se era um
lago cristalino, ideal para a Beleza. Se era uma árvore viçosa, ideal para a
Timidez esconder-se em sua copa, se era o voo de uma borboleta, se era uma
rajada de vento, magnífico para a Liberdade. E assim, acabou se
escondendo em um raio de sol.

O Egoísmo, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início.
Ventilado e cómodo, mas apenas para ele.
A Mentira escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se
atrás do arco-íris) e a Paixão e o Desejo, no centro dos vulcões.
O Esquecimento, não me recordo onde se escondeu, mas isso não é o mais
importante.

Quando a Loucura estava lá pelos 999.999, o Amor ainda não havia encontrado
um local para esconder-se, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou
uma roseira e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas flores.

-Um milhão, contou a Loucura e começou a busca. A primeira a aparecer foi a
Pressa, apenas a três passos de uma pedra.
Depois, escutou-se a Fé, discutindo com Deus no céu, sobre zoologia.
O Egoísmo, não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu disparado de seu
esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, sentiu sede, e ao se aproximar de um lago, descobriu a
Beleza. A Dúvida foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma
cerca sem decidir de que lado esconder-se. E assim, foi encontrando a todos.
O Talento entre a erva fresca, a Angústia, em uma cova escura, a Mentira
atrás do arco-íris (mentira, estava no fundo do oceano) e até o
Esquecimento, a quem já havia esquecido que estava brincando de
esconde-esconde.

Apenas o Amor não aparecia em local nenhum... A Loucura procurou atrás de
cada árvore, embaixo de cada rocha do planeta e em cima das montanhas.
Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral, pegou
uma forquilha e começou a mover os ramos, quando, no mesmo instante,
escutou-se um doloroso grito.
Os espinhos tinham ferido o Amor nos olhos. A Loucura não sabia o que fazer
para desculpar-se.
Chorou, chorou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser seu guia.

Desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde

Na Terra ......

O Amor é cego, e a loucura sempre o acompanha.

quarta-feira, setembro 08, 2004

Gosto de ler quase tudo relacionado com loucura, mas que seja do ponto de vista suscinto, claro , conciso, directo...
Não lembro bem qdo, mas nas minhas primeiras lides com a internet deparei-me com uma página assinada pelo Edson Marques com post's acerca da LIBERDADE. Simplesmente amei ! Houve a polémica do filme MUDE que , finalmente, encontra-se em resolução e a coroa ao seu devido rei... Um pouco do seu blog MUDE perante a minha Ambivalência.


sexta-feira, 13 de agosto de 2004
Confesso que vivi alguns dias só relendo Pablo Neruda e tomando sol. Mudei muito uma das frases dele, que ficou mais ou menos assim:
"Se o poeta for louco, não será compreendido por ninguém, talvez apenas por si próprio. E isso é muito triste. Mas se o poeta for racional demais será compreendido por todo mundo, inclusive pelos burros conservadores. E isso também é muito triste".

quarta-feira, 11 de agosto de 2004
A verdadeira aventura tem que ser naturalmente louca, desmedida, inteligente, caótica, pulsante, radical. Mas o aventureiro tem que estar sempre consciente. Se o aventureiro perder a lucidez, deixa de ser um aventureiro — e passa a ser um idiota metido a besta.
O louco tem que ser lúcido.

segunda-feira, 9 de agosto de 2004
Esse caminho que vai das Trevas à Luz é iluminado pela Loucura.
É um perigo. Por isso muitos se perdem!
Mas quem permanece estúpido não corre o risco de salvar-se.
Nem de se perder...

Posted by Edson Marques no seu blog

MUDE