sábado, março 26, 2011

Recapitular...Ambivalencia, um caminho que se bifurca

“O jogo de dois sentimentos que se entrechocam, olhando-se antagônicos, medindo e pesando vantagens e desvantagens entre si, presos a seus pontos de vista, é o responsável inúmeras vezes por muitas inquietações por parte de muitas pessoas. É o resultado de não conseguirem, por vários motivos, equacionar os problemas que repentina ou cumulativamente lhes batem à porta. E, então, ficam divididos pela dor do querer ou do não querer, o impulso de partir ou a necessidade de ficar, o imperativo apelo de escolher o sim ou o arrebatado desejo de optar pelo não, a vontade de gritar a palavra reveladora de muitos fatos ou o ímpeto de silenciar a voz que ousa manifestar-se...
E, como conseqüência, o sofrimento vai agigantando-se no peito, clamando por uma solução, pedindo um ponto final para as noites insones, para os dias sombrios independendo se o sol traça ou não o seu itinerário de luz no céu.
É quando muitas vezes vê-nos a confissão das idéias suicidas. O suicídio passa a soar-lhes como sinônimo de uma paz há muito perdida, o partir ao encontro da ameaça zero.
Mas, por outro lado, algo dentro deles clama pela ânsia de viver, pelo erguer-se dos escombros e é assim que passam a ver alguém que possa escutar suas angústias como a última tábua de salvação na qual buscam apegar-se, a esperança deste alguém ter o conselho certo para uma decisão que os poderá salvar, a promessa de um caminho que não os coloque diante de uma bifurcação de opções, como se permanentemente lhes indagassem: para a esquerda ou para a direita? Para o norte ou para o sul?
Milton Nascimento, numa das mais belas canções – Travessia – do repertório popular brasileiro, bem evidencia essa ambigüidade de sentimentos diante da vida e da morte quando canta: “vou fechar o meu pranto, vou querer me matar...”, contudo logo adiante o instinto de conservação, a energia positiva da qual todos somos portadores, numa retomada de posição enfatiza: “eu não quero mais a morte, tenho muito que viver...”
A responsabilidade no apoio às pessoas em estado de ambivalência incita-nos para a cautela, requer equilíbrio. Tudo importa nesse momento da relação de ajuda, desde a nossa sensibilidade na procura da captação dos sentimentos, até a naturalidade de nossa própria voz.
O estarmos do “outro lado” não nos confere autoridade para darmos conselhos, julgarmos e orientarmos. Entretanto, o nosso calor humano, a nossa disponibilidade, empatia, compreensão e aceitação poderão ajudar alguém a se conduzir para a escolha de um caminho de esperança, de renascimento e não de entrega, de desistência, de conformismo, de morte!!!"


Na minha memória, tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos.

Repaginando este Blog... tão ambivalente quanto eu..

RECOMEÇAR...